domingo, 28 de setembro de 2008

O negócio do michê: A prostituição viril em São Paulo



O negócio do michê: A prostituição viril em São Paulo

de NESTOR PERLONGHER

Editora: Fundação Perseu Abramo

Páginas - 272


Este livro estava esgotado e agora está sendo relançado. Imperdível!


O livro O Negócio do Michê – A Prostituição Viril em São Paulo, do antropólogo argentino Néstor Perlongher, será lançado em nova edição, com novo prefácio

Referência fundamental para os estudiosos de sexualidade e gênero, tanto pela originalidade do tema, quanto pelas análises, O Negócio do Michê – A Prostituição Viril em São Paulo, surgiu como dissertação de mestrado em antropologia social na Unicamp, em 1986. Na época, 1986, o autor, o argentino Néstor Perlongher, enfrentou o descontentamento de parte do meio acadêmico, escandalizada com o tema de sua pesquisa pioneira.

Lançado pela editora Brasiliense um ano depois, com prefácio de Peter Fry, o livro tornou-se um clássico moderno da pesquisa etnográfica. Coube à Editora Fundação Perseu Abramo uma nova edição, com a íntegra do texto original e um novo prefácio, desta vez assinado pelos professores de sociologia e ciências sociais Richard Miskolci e Larissa Pelúcio.

O livro, escrito em linguagem não acadêmica, baseou-se nos depoimentos de michês, clientes e entendidos, ou pessoas do universo homossexual não envolvidas diretamente com a prostituição. Entre março de 1982 e janeiro de 1985, Perlongher, num procedimento chamado de pesquisa participante, foi às ruas, bares, saunas e mictórios públicos do centro de São Paulo, onde pôde estar em contato direto com o tema de seu estudo.

Ao mapeamento geográfico/cultural do trabalho do michê, Perlongher acrescentou amplo arsenal teórico, com citações que vão de Marx e a Escola de Chicago, a Foucault, Deleuze e Guattari.Coincidentemente, o livro surgiu em sintonia com outros estudos semelhantes pelo mundo, como o que originou a Teoria Queer, nos Estados Unidos.

Néstor Perlongher nasceu em Avellaneda, província de Buenos Aires, em 1942. Participou ativamente de movimentos pelos direitos dos homossexuais, primeiramente na Frente de Liberación Homosexual Argentina e depois no Grupo Eros. Em 1982, cansado das perseguições pela ditadura em seu país, veio para São Paulo. Logo ingressou na Unicamp, onde realizou a dissertação de mestrado que deu origem ao livro. Autor também de oito elogiados livros de poesia, faleceu em novembro de 1992, vitimado pela Aids.





















Desde sua primeira edição, em 1987, O negócio do michê se tornou uma leitura de referência para aquelas e aqueles que se interessam pelas discussões sobre o desejo, as urbanidades, as sexualidades, as corporalidades e o mercado do sexo. Néstor Perlongher leva as/os leitoras/res aos bares, saunas e ruas de uma São Paulo noturna e apaixonadamente transgressiva, onde rapazes comercializam sexo, amam, brigam, negociam códigos e, por vezes, desejam o indesejável. Construído a partir de uma intensa etnografia e de uma densa análise teórica, O negócio do michê tem hoje a marca dos clássicos e, como tal, guarda uma contemporaneidade surpreendente.

Apresentação:

“Em primeiro lugar, quero frisar que este livro não é apenas mais um estudo frio das margens perversas de São Paulo. Na melhor tradição da antropologia social, o texto exsude a simpatia que o autor tem para com seu 'objeto de estudo'. Não no sentido de uma apologia formal de advogado, mas de uma séria tentativa de 'traduzir' a experiência dessas margens para que o leitor possa entendê-las na sua integridade (em todos os sentidos da palavra).” (Peter Fry)

Peter Fry, ao prefaciar a primeira edição de O negócio do michê – A prostituição viril em São Paulo, traduziu o sentimento futuro de leitores e leitoras que iriam encontrar na dissertação de mestrado de Néstor Perlongher uma rica fonte de reflexões teóricas e um instigante “guia” etnográfico.

Em meados da década de 1980, Perlongher se pôs à deriva numa São Paulo noturna e sexual, cartografando os corpos e os códigos de toda uma territorialidade desprezada pelos cientistas de “respeito”. Alguns se escandalizaram com o título da dissertação que abordava michês, prostituição e virilidade. Os vanguardismos costumam ter a marca da incompreensão e não foi diferente com O negócio do michê.

Perlongher se autodefinia um “pensador callejero” (das ruas), assim, a claustrofobia das normas canônicas não cabiam em sua escrita barroca nem em seu voluptuoso arsenal teórico que vai de Marx à Escola de Chicago e chega a Foucault, Deleuze e Guattari. Sem o saber, desenvolvia reflexões em sintonia com as que – nos Estados Unidos – originariam a teoria queer. Por tudo isso, o estudo de Perlongher mantém-se atual e fascinante.


Serviço:
Lançamentos do livro O Negócio do Michê

Quando: 8/10, às 10:00
Onde: UFSCAR, São Carlos
Presenças do antropólogo Júlio de Assis Simões e da ativista Regina Facchini. Na ocasião eles farão a palestra Sexualidade e Política no Brasil.


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