sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Duas vidas: Gertrude e Alice


de  

Janet Malcolm


Editora Paz e Terra 
2008 
1ª edição 
216 Páginas 


QUEM É
a autora

Janet Malcom, jornalista americana da revista The New Yorker e autora de renomadas e polêmicas biografias, como o livro O jornalista e o assassino que faz uma reflexão sobre a complicada relação entre o jornalista e sua fonte, examina, com rigor de detalhes, a tumultuada vida do casal Gertrude Stein e Alice B. Toklas, que viveram na França e ali presenciaram a efervescência do Movimento Modernista. Durante a Segunda Guerra Mundial, ao lado de Picasso, Ernest Hemingway e outros artistas, Stein e Toklas permaneceram na França mesmo depois de as deportações já terem começado.



Gertrude Stein (nasceu dia 3 de fevereiro de 1874, em Pittsburgh, EUA - faleceu dia 27 de julho de 1946, em Paris, França). Foi uma escritora, poeta.

Tinha um apreciável círculo 
de amigos, como Pablo Picasso, Matisse, Georges Braque, Derain, Juan Gris, Apollinaire, Francis Picábia, Ezra Pound e James Joyce, isso apenas pra citar alguns.

Miss Stein escreveu "Autobiografia de Alice B. Toklas", livro fundamental da vanguarda dos anos 1910, 20 e 30. Com estilo muito próprio, a narrativa conta como jovens artistas e escritores vindos das mais diversas partes do mundo se encontram em Paris e detonam novos caminhos p
ara a arte. Picasso vinha da Catalunha, Joyce da Irlanda, ela própria vinha da América, Nijinski era russo, havia vários franceses, como Cocteau, Apollinaire, Matisse. É bom lembrar que, apesar do nome, o livro foi escrito por Miss Stein, tendo como porta-voz Alice B. Toklas, sua companheira durante vinte e cinco anos. Compondo um interessante painel das três primeiras décadas deste século: "Gertrude Stein e o irmão visitavam frequentemente os Matisse que constantemente retribuíam as visitas. De vez em quando Madame Matisse convidava-os para almoçar, o que acontecia principalmente quando recebia alguma lebre de presente. Lebre estufada feita po
r Madame Matisse à moda de Perpignan era algo fora do comum. Tinha também vinho de primeira, um pouco pesado, mas excelente". Durante esse tempo Miss Stein e sua companheira Alice viveram no número 27, rue de Fleurus. Este endereço se tornaria lendário e um importante ponto de encontro desses "gênios".

Gertrude Stein seria a primeira a pendurar em sua parede pinturas de Juan Gris, Matisse e Picasso. Mais tarde romperia com muitos deles, inclusive com Picasso, por quem manteve grande afeição. Antes porém, posaria noventa e três vezes para que o artista catalão
 desse por finalizado o seu retrato: "Mas em nada se parece comigo, Pablo" disse ela. "Mas certamente vai parecer ,Gertrude, certamente..." respondeu o pintor. O rompimento dos dois se daria apenas em 1927, por ocasião da morte de Juan Gris. Gertrude acusou Picasso de não ter estimado Gris o bastante, ele retrucou e os dois tiveram um belo e histórica discussão.

Stein adorava fazer provocações. A palavra gênio exercia mesmo uma influência considerável em sua vida. Afinal era uma escritora de estilo bastante peculiar e engenhoso, a inventora da escrita automática. Assim os intelectuais de seu tempo perguntavam se ela era mesmo gênio ou não passava de uma impostora. Ela dava o troco:"Ser gênio exige um tempo medonho, indo de um lugar a outro sem nada fazer", ou então:" um gênio é um gênio, mesmo quando nada faz".
Com a Primeira Guerra Mundial Miss Stein e Alice viveram sua aventura alistando-se no F.A.F.F, um Fundo de proteção aos americanos que então viviam na Europa, dando folga a seus embates artísticos e literários, a aventura é narrada na Autobiografia. Após a guerra a vida voltou ao normal mas tudo já estava transformado para sempre, inclusive e principalmente Paris...


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