Foram-se os dias em que o galã Rock Hudson tinha que esconder sua homossexualidade para continuar trabalhando em Hollywood, uma indústria que tende cada vez mais a derrubar preconceitos e normalizar a situação dos gays?
Em um panorama como o atual, onde personalidades como a apresentadora Ellen Degeneres, a atriz Lindsay Lohan, o ator George Takei ou o músico Clay Aiken dominam as primeiras páginas dos jornais por causa de sua orientação sexual, a indústria do entretenimento decidiu dar um passo à frente.
A televisão americana incluirá nesta temporada 16 personagens gays e bissexuais de importância em séries na faixa de maior audiência de programação, mais que o dobro do ano passado, segundo um estudo do grupo Gays e Lésbicas contra a Difamação (GLAAD, em inglês).
Neil Giuliano, presidente do GLAAD, ficou feliz com o fato de a rede de televisão "FOX" incluir este ano cinco personagens com essa orientação em seus programas, já que em 2007 não havia nenhum.
No entanto, lamentou que nenhum dos 126 personagens principais das séries da "CBS" seja gay, lésbica, bissexual ou transexual, enquanto um único personagem "recorrente", Brad, em "Rules of Engagement", é gay.
É por isso que há quem sustente que ainda existe muito caminho a percorrer.
"Cada pessoa que sai do armário é uma barreira a menos", disse à edição digital do canal "CNN" o publicitário Howard Bragman, autor do livro "Where's My Fifteen Minutes?", que trata do assunto.
Bragman, homossexual assumido, admite que hoje em dia o público é capaz de aceitar os gays de forma "mais singela", embora não "automática".
"Eu o vejo como um processo a longo prazo. A revolução terminou, agora se trata de evoluir", disse.
O publicitário se encarregou de ajudar Dick Sargent quando este revelou sua homossexualidade, em 1989, e lembra os momentos nos quais era complicado terminar filmes como "Filadélfia" (1993), pelo qual Tom Hanks ganhou o Oscar de melhor ator por interpretar o advogado gay Andrew Beckett.
Possivelmente, este deve ser o grande desafio que Hollywood ainda tem pela frente, como afirmou o ator gay Rupert Everett, popular por seu papel em "O Casamento do Meu Melhor Amigo" (1997).
"Não tenho nada do que me queixar, exceto do fato de as pessoas se perguntarem se um gay como eu pode atuar como um sapatão para dar vida a um homem heterossexual", disse.
Já Peter Sprigg, vice-presidente do grupo conservador Family Research Council, afirma que os novos personagens homossexuais na programação americana têm "propósitos propagandísticos".
"Estou convencido de que a maior parte destes personagens está aí para tentar fazer com que as pessoas aceitem a conduta homossexual", disse Sprigg ao site da "CNN".
"Nesse sentido, o resultado para a sociedade é negativo", disse ele.
Para Bryan Batt, o ator gay que acaba de assumir sua homossexualidade e que dá vida a Salvatore Romano, na série premiada com o Emmy "Mad Men", ainda há na sociedade "um pouco de homofobia".
"Mas penso que graças a papéis gays bons, honestos e positivos, será possível educar (as pessoas)", comentou.
"Acho que estamos produzindo gerações de jovens que não julgam as pessoas, nem por sua raça, nem por sua religião nem por sua sexualidade", concluiu.
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