de JAMES GREEN
tradução de
MARIA CRISTINA FINO
Páginas: - 541
Uma obra fantástica tanto do ponto de vista documental como analítico. "Como obra pioneira, Além do carnaval examina a realidade social e cultural da homossexualidade masculina no Brasil ao longo do século XX. James Green questiona a visão estereotipada de que a expressão desinibida e licenciosa do comportamento homossexual durante o carnaval comprova a asserção de que a sociedade brasileira tolera a homossexualidade e a bissexualidade na vida cotidiana. Sustentado por ampla pesquisa e sólida erudição, esta obra traz uma contribuição inestimável a uma área negligenciada da história social brasileira" no saber de Robert M Levine, professor de História e diretor do Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Miami.
Mede a influência dos modelos teóricos europeus selecionados pelos sexólogos brasileiros. Faz frente em especial aos acontecimentos que provocaram uma nova identidade homossexual (no Rio de Janeiro e São Paulo) a partir da década de 70. A obra de leitura fácil navega no tempo e expõem entre fatos hediondos de preconceitos explícitos , casos curiosos que povoam até hoje o "folclore" do mundo gay.
Mede a influência dos modelos teóricos europeus selecionados pelos sexólogos brasileiros. Faz frente em especial aos acontecimentos que provocaram uma nova identidade homossexual (no Rio de Janeiro e São Paulo) a partir da década de 70. A obra de leitura fácil navega no tempo e expõem entre fatos hediondos de preconceitos explícitos , casos curiosos que povoam até hoje o "folclore" do mundo gay.
"Durante muito tempo, o carnaval brasileiro, com seu cortejo de homens travestidos de mulher, vendeu, dentro e fora do país, a imagem de uma convivência pacífica da sociedade com a homossexualidade e a bissexualidade. Este livro inovador do brasilianista James N. Green - ganhador do prêmio "Hubert Herring", do Conselho de Estudos Latino-Americanos na Costa do Pacífico (EUA), e o da Fundação "Paul Monette" como o melhor trabalho sobre estudos gays e lésbicos - mostra que por debaixo dos trajes à la Carmen Miranda, típico mito de exportação da alegria e descontração carnavalescas, sempre esteve escondido não a tolerância, mas o preconceito. O estudo de Green se concentra na homossexualidade masculina no Rio de Janeiro e em São Paulo, ao longo do século XX. O primeiro período analisado é o da chamada belle époque carioca, que vai da virada do século até 1920, destacando-se a Praça Tiradentes como ponto de encontro dos homossexuais masculinos. O autor examina, entre outras coisas, aquela que talvez seja a primeira pornografia homoerótica brasileira, O menino do Gouveia, conto anônimo publicado na revista Rio Nu, em 1914; o romance Bom-Crioulo de Adolfo Caminha; o levantamento feito em 1872 pelo médico Ferraz de Macedo dos vários tipos de comportamento homoerótico, bem como o tratado de Pires de Almeida, de 1906, sobre o homossexualismo, além da figura pública do dândi João do Rio, um dos mais célebres escritores do país. Nos anos que vão de 1930 a 1945, o Vale do Anhangabaú, em São Paulo, passa a desempenhar um papel semelhante ao da Praça Tiradentes no período
anterior. No Rio, o boêmio bairro da Lapa vê surgir uma das figuras mitológicas da malandragem carioca, o pernambucano João Francisco dos Santos, o temido Madame Satã, homossexual assumido e bom de briga. São também dessa época as diversas pesquisas de médicos, juristas, psiquiatras e crimonologistas sobre a homossexualidade, boa parte delas de inspiração eugenista, visando classificar ou curar o que acreditavam ser a "perversão" homossexual. No período seguinte, que vai até 1968 e a decretação do AI- 5, verifica-se uma intensificação das subculturas homossexuais no Rio de Janeiro e em São Paulo, com a ocupação de novas áreas nas cidades, a abertura de bares exclusivamente para gays e os bailes carnavalescos de travestis, sobretudo ao redor da Praça Tiradentes. Data dessa época o surgimento de um modesto jornal gay rodado em mimeógrafo, O Snob, que inspiraria cerca de trinta outras publicações similares em todo o país. A polaridade entre homossexual passivo e ativo, entre "bicha" e "bofe" começa então a ser posta em xeque. O capítulo dedicado à "apropriação homossexual do carnaval carioca" é um dos mais fascinantes do livro, não faltando sequer a controvertida figura de Rock Hudson entre os mais afoitos foliões de 1958. De 1969 a 1980, ou seja, entre o pior momento da ditadura militar e o aparecimento, em 1978, do jornal gay Lampião da Esquina e do grupo Somos, o espaço urbano gay se expande significativamente, com a proliferação de bares, discotecas, saunas etc. Travestis e michês, que vivem da prostituição, passam a ser vistos como freqüência cada vez maior nas ruas do Rio e de São Paulo. Data desse período um movimento gay politizado no Brasil, com cuja análise se encerra esta obra extremamente bem documentada e que prende a atenção do leitor ao longo de suas quase quinhentas páginas."
anterior. No Rio, o boêmio bairro da Lapa vê surgir uma das figuras mitológicas da malandragem carioca, o pernambucano João Francisco dos Santos, o temido Madame Satã, homossexual assumido e bom de briga. São também dessa época as diversas pesquisas de médicos, juristas, psiquiatras e crimonologistas sobre a homossexualidade, boa parte delas de inspiração eugenista, visando classificar ou curar o que acreditavam ser a "perversão" homossexual. No período seguinte, que vai até 1968 e a decretação do AI- 5, verifica-se uma intensificação das subculturas homossexuais no Rio de Janeiro e em São Paulo, com a ocupação de novas áreas nas cidades, a abertura de bares exclusivamente para gays e os bailes carnavalescos de travestis, sobretudo ao redor da Praça Tiradentes. Data dessa época o surgimento de um modesto jornal gay rodado em mimeógrafo, O Snob, que inspiraria cerca de trinta outras publicações similares em todo o país. A polaridade entre homossexual passivo e ativo, entre "bicha" e "bofe" começa então a ser posta em xeque. O capítulo dedicado à "apropriação homossexual do carnaval carioca" é um dos mais fascinantes do livro, não faltando sequer a controvertida figura de Rock Hudson entre os mais afoitos foliões de 1958. De 1969 a 1980, ou seja, entre o pior momento da ditadura militar e o aparecimento, em 1978, do jornal gay Lampião da Esquina e do grupo Somos, o espaço urbano gay se expande significativamente, com a proliferação de bares, discotecas, saunas etc. Travestis e michês, que vivem da prostituição, passam a ser vistos como freqüência cada vez maior nas ruas do Rio e de São Paulo. Data desse período um movimento gay politizado no Brasil, com cuja análise se encerra esta obra extremamente bem documentada e que prende a atenção do leitor ao longo de suas quase quinhentas páginas."
resenha de e. cruz
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